terça-feira, abril 24, 2018

Respeitar o tempo de cada um


Quando eu era menina, fui menina até tarde. Muitas amigas minhas já tinham maminhas grandes, corpo de mulherzinhas, já eram menstruadas, e eu ainda não. Pouco a pouco todas iam ficando 'senhoras', como na altura se dizia, e eu não. Aquilo começou a ser para mim uma ralação. Alegre e namoradeira como era, não me sentia diminuída junto dos meninos e, quando andava nessas andanças, nem me lembrava da minha preocupação mas, sempre que sabia que mais uma já era menstruada, aí sim, ficava com receio de que a mim nunca tal sorte me batesse à porta. Até que aos catorze anos, a caminho dos quinze, a coisa aconteceu. Foi por essa altura que 'deitei' corpo e que as minhas curvas começaram a desenhar-se. Depois disso, que me lembre, não voltei a sentir um verdadeiro receio de que alguma coisa não me acontecesse.

A nível da menopausa, já que falei na menstruação, foi o contrário: já toda a gente da minha idade tinha chegado à menopausa e eu ainda certinha e a ter que ter cuidados. Lembro-me de andar a fazer uma pós graduação e de, uma vez, ao almoço, dessa vez a mesa toda de mulheres, a conversa ser em volta disso. Uma vez mais, eu era a atrasada. Até uma colega com quarenta e poucos já andava a sofrer as agruras dos afrontamentos e dos enervamentos (dizia que tinha dias em que tinha vontade de esganar o marido, nem ela sabia bem porquê) e de uma outra da minha idade que se espantar comigo já que ela já estava livre de maçadas há vários anos. Nessa altura ocorreu-me: mas será que o meu organismo anda desfasado e que me vou manter menstruada até ser podre de velha? Mas não. Aconteceu e, como já aqui o referi, felizmente quase sem efeitos colaterais.

Mas isto para dizer que isto de a gente andar a comparar-se com os outros é um disparate: cada um é como é e o relógio não anda à mesma velocidade com todos.

O vídeo que aqui vou colocar e que Leitor amigo a aquem agradeço me enviou não é bem disso que trata.  Mas ocorreu-me falar nisto.

Também me ocorre que hoje de manhã, quando ia trabalhar e, pelo caminho, já ao telefone, numa conversa chatíssima, voltei a pensar que, um dia que deixe de trabalhar, quero começar uma outra actividade, uma coisa completamente diferente, uma coisa que me deve encher as medidas (ou, pelo menos, assim o antecipo). Pensei depois: vai ser tarde para começar uma vida nova, às tantas, quando lá chegar já não me apetece. Mas, depois, pensei noutras pessoas, algumas até bem sucedidas, que, justamente já tarde, iniciaram actividades diferentes e foi como se essa fosse a sua verdadeira vocação. Pensei, então, que o que é preciso é que haja saúde e motivação. E isto não é lugar comum. Com os meus pais aconteceu uma coisa terrível. Depois de se reformarem, tinham o meu avô paterno e a minha avó materna a dar-lhes água pela barba. Ou era um ou era outro e eles sem conseguirem uns dias de seguida descansados. Quando ficaram sem essas preocupações e começaram a ter uma vida regalada, teve o meu pai o AVC que mudou radicalmente a vida de ambos. Portanto, nem sempre as coisas correm bem. Mas, enfim, não vale a pena conversas fatalistas porque nunca se sabe o que vai acontecer pelo que mais vale não nos pré-ocuparmos. Mais vale mantermos viva a chama da esperança.

Mas vejam o vídeo e perceberão porque estou com esta conversa.


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