quinta-feira, julho 27, 2017

Diana, a nossa mãe.
[Diana, Our Mother - Her Life and Legacy]



No vídeo que abaixo partilho, pode ver-se o tributo de dois filhos que querem mostrar ao mundo as memórias que guardam (ou que outros guardam) da mãe de quem se viram abruptamente separados quando eram ainda miúdos. Tendo crescido debaixo dos holofotes e vivido uma infância e adolescência muito atípicas, William e Harry são ainda pessoas sobre quem impende um conjunto de obrigações e restrições que não devem ser nada fáceis de suportar.


No dia 31 de Agosto de 1997, e custa-me a acreditar que já passaram quase vinte anos, eu tinha tido um grande jantar em minha casa. Era já bastante tarde, estava calor, tínhamos as janelas da sala abertas e conversávamos animadamente. Os miúdos, os meus e vários primos e amigos deles, deviam estar noutra sala. 


Estes jantares prolongavam-se sempre pela noite adentro. No fim, um ou outro estavam sempre já razoavelmente bebidos e o humor rolava sem condicionantes. Nessa altura, um dos casais mais animados ainda não se tinha separado e éramos um grupo que regularmente se juntava para prolongados e animados repastos. Ele, em especial, era um pândego que, se fosse preciso, fazia sozinho a festa. Contava histórias, ria, pregava partidas, fazia maluquices. Contudo, entre ele e a mulher, havia sempre um equilíbrio à beira do precipício. Por vezes, do nada, nascia um desacato entre eles. Mas já ninguém ligava. Fazia parte do programa. Depois ficava tudo bem.

Essa era uma dessas noites.

Não sei a que propósito, no meio da animação, alguém ligou a televisão. E, de repente, o ambiente gelou. Ficámos mudos a olhar para a televisão. Ninguém chorou mas todos ficámos emocionados. Diana tinha morrido. Custava a acreditar. Quase queríamos que alguém aparecesse a dizer que tinha havido um engano, que afinal estava viva. Só dizíamos: 'Não pode ser'.

Dias depois, num almoço entre colegas que já não trabalhavam juntos e que se tinham reunido para pôr a conversa em dia, veio à baila a morte de Diana. Era eu e mais, salvo erro, onze colegas, todos homens. O almoço tinha sido bem regado e, depois de se ter falado de negócios, de aquisições de empresas, de processos em tribunal e de muita paródia, ali estávamos, comovidos a falar da morte de alguém que parecia que nos era próximo. Um deles, executivo bem sucedido e a quem a bebida costuma dar para o sentimento, confessava que não tinha conseguido sair a frente da televisão enquanto tinha durado a transmissão do funeral. Outro gozou: 'Mas quê, Sr. Engenheiro, chegou mesmo a chorar...?' e ele, verdadeiramente comovido, 'Não, Doutor, chorar não chorei mas só porque consegui conter-me' E estava a falar verdade, ainda emocionado. Certo que, quando quis ir à casa de banho, receou não conseguir ir a direito.


Não sei qual vai ser o futuro dos filhos de Diana mas, apesar de não simpatizar com os regimes monárquicos, a verdade é que simpatizo com estes rapazes que cresceram à nossa vista e que, de crianças brincalhonas e sorridentes, passaram rapidamente para um outro capítulo. A imagem que todos vimos, uns pequenos homenzinhos a caminhar atrás da caixa que levava o corpo da bela mulher que, para eles, era apenas a sua mãe, é uma imagem que não se esquece facilmente.

Diana, se ainda vivesse, seria a super avozinha de George e Charlotte e o mundo gostaria de ver como aquela bela mulher sempre tão maternal, se entregaria à alegria de brincar com os seus netos. 



Diana morreu quando tinha 36 anos (a mesma idade que tinha Marilyn Monroe, outra mulher bela que, igualmente, nunca se sentiu bem amada e que também travou uma luta para ser aceite como uma mulher inteligente, com ideias e vontade próprias). Diz-se que morrem cedo aqueles que os deuses amam mas, como eu não sou dada a crenças, não sei se isso é verdade. O que sei é que aquela mulher de quem diziam ser ingénua ou excessivamente emotiva soube tocar o coração de muita gente e é ainda com uma estranha sensação de proximidade (mesmo de proximidade temporal) que ainda vemos as suas imagens. E estou a falar e, sem querer, a colocar a frase no plural quando apenas devo falar por mim. Mas, vá lá saber porquê, acho que não haverá quem não sinta simpatia por Diana. 

(Ok, talvez a Camilla ainda não goste muito dela)

O vídeo não está legendado mas, ainda assim, aqui o deixo.


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