domingo, setembro 10, 2017

Leituras, passarinhos, cataventos, florzinhas.
[1º de 5 posts]


Leio. Javier Marias. Divirto-me a lê-lo. Sorrio. Outras vezes não, porque calha não ser para sorrir. Escrita solta, inteligente, despreocupada por vezes, palavras de quem não se leva muito a sério. Tinha que gostar de quem assim escreve.

Afinidades. Sei de uma pessoa que também gosta de ler Javier Marias. Penso: 'É natural'. Há pontos de convergência que cartografam o mapa de afinidades que nos aproximam.




E enquanto leio, entre um e outro texto, fotografo. Há muitos passarinhos aqui. Vêm para perto de nós.


Ou as flores delicadas e tão bonitas que vejo nas dunas. Encantam-me. 


Ou o catavento artesanal que, com canas e corda, alguém fez e ali se move com a aragem da tarde.


Ou a gaivota que contempla o sol que começa a pôr-se quando o mar começa a aquietar-se.


Vejo, fotografo, fecho os olhos para guardar a sensação bem dentrinho de mim. Depois prossigo a leitura. Sei que não vou guardar as palavras que leio, só as ideias. A seguir, vou ver se a água está boa. Se estiver, mergulho, nado um pouco, deixo que o mar deixe em mim sensações boas que perdurem pelos próximos meses. O mar na minha pele. O sol na minha pele. A luz suave das tardes de Setembro. O riso dos jovens, O olhar tranquilo das gaivotas. Os últimos dias deste meu verão que tão invulgar me foi.

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2 comentários:

bea disse...

O meu verão também foi invulgar qb, JM. Também tento memorizar na pele a frescura do mar, o calor do sol, o agradável silêncio de que a praia se vai vestindo, a tornar-se a outra de si mesma. E não quero que passe. Para mim o outono era isto, um começo de tempo, a brisa que arrefece sem arrepiar, gaivotas que chegam mais cedo à areia e se quedam frente à água, mirando-a com seu olho lateral. E o mar que toma fôlego, desata a calmaria e prepara o sem freio das marés. Mas há ainda na mudança restos de verão a brincar em brilhos de sol, vestígios de calor nos grãos de areia. E é como se o tempo nos ofereça um compasso antes que a mudança se faça dona. É lá que estou. Na brevidade do hiato, a fruir o que se esvai e não posso reter. E depois morremos. Ou ressuscitamos. Ou qualquer coisa fatídica que desimporta.

Uma vela com dez anos que inda arde e gasta. De muita protecção usou para a manter, JM. Tenho assim uma, talvez de menos idade. Ilumina-me o escuro da vida, pode crer.

Um Jeito Manso disse...

Olá Bea!

Bom sabê-la aí, bom ler as suas palavras. Gostei.

Obrigada.

Dias felizes daqui em diante, Bea.