sexta-feira, janeiro 13, 2017

Julião Sarmento e Pedro Cabrita Reis são dois dos artistas mais sobre-estimados cá do burgo
- e desculpem se parece que estou a imitar o pato Donald


De Madrid para Lisboa, continuo na passeata. Tirar cinco dias de férias numa altura destas só pode servir para cortar com a rotina. Claro que só jantámos às dez da noite ou mais, claro que estive nas arrumações até há pouco, claro que estive a despachar aprovações e a responder a mails de trabalho até há minutos e claro que ainda não estou bem da garganta. Mas cinco de férias numa altura em que elas tanta falta nos estavam a fazer têm que render como se fossem vinte e cinco nem que para isso, a toda a hora, tenhamos que meter o rossio na betesga ou ignorar as fragilidades do corpo. 

Agora uma coisa é certa: estão a saber-me que nem ginjas. Boas, boas. O pior foi o trânsito que apanhámos. 
Um àparte: estavamos naquele maçador pára-arranque e eu a aproveitar para ler e responder a uns quantos mails, diz o meu marido: 'acho que o Pedro Mexia está ali escondido atrás de um camião'. Olhei. Vi, de facto, um vulto que mal aparecia por detrás de um camião. Quando o nosso carro avançou, confirmei: ali estava o senhor assessor, acho que de sobretudo no braço, pastas, e a escrever no telemóvel. Deve ter abrandado o passo para escrever no telemóvel no momento em que calhou estar meio encoberto pelo camião. Nada de especial. Vi agora que houve o congresso dos jornalistas e que o Marcelo lá esteve. Às tantas o Mexia também e se calhar veio de lá, andando a pé. Não sei nem é relevante.
Pouco tempo depois cruzei-me com aquele por quem tanta simpatia tenho demonstrado aqui, o inefável Mário Nogueira. Devia ir para a Vítor Cordon. Digo eu. 
A verdade é que, vendo logo duas figuras conhecidas, me senti em casa. Salvo seja, claro.
Mas, dizia eu, que, parecendo que não, estava já com algumas saudades de Lisboa, a Bela. E, se não dizia, pensava.

E, portanto, havia um lugar onde tinha que ir e um outro onde queria ir. O meu marido não estava entusiasmado. Provoquei: 'Mas quê...? Não aprecias arte...?'. Não liga às minhas provocações: 'Aprecio... A dose é que talvez seja excessiva, não...?'

No primeiro lugar onde fomos, uma decepção. Metia Julião Sarmento e eu, incauta, não me acautelei (sorry for the pleonasmo). Ia pelo espaço, magnífico, ia pelo Júlio Pomar, magnífica criatura. Mas ele, caridosa alma, deu guarita ao Julião Sarmento e, claro, este deu cabo de tudo.


Não vale a pena os entendidos que me lêem virem castigar a minha beleza com a conversa da internacionalização do grande artista, com o seu extraordinário valor comercial, com a grande qualidade do grande pintor. Balelas. Balelas. Por mais que eu olhe, não vejo ali nada. Nada. Zero. Bola.

À saída, o meu marido perguntou-me: 'Achas que devolvem o dinheiro do bilhete?'. De facto, apetecia pedir o dinheiro de volta. Pelo menos metade, a metade do Julião Sarmento.

Uma das várias obras de Julião Sarmento no Atelier-Museu Júlio Pomar


O amplo espaço no qual as obras expostas que se aproveitam (e bem!) são as de Júlio Pomar
ainda que, para não amachucarem demais a nulidade das de Sarmento tenham sido escolhidas obras muito neutras,
nada das suas obras coloridas e marcantes


Mas no magnífico Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado Julião Sarmento também não vai mais longe. E se pensarmos que isto, para estar exposto num museu, é porque é do melhorzinho que fez, imagine-se o resto:

É que são coisas sem beleza, sem criatividade, sem ponta por onde se lhes pegue

E outro que tal é o Pedro Cabrita Reis. Até hoje ainda não vi uma coisa dele que me tenha feito mudar de opinião. Só banalidades, parvoíces, coisas sem graça.


Esta aqui abaixo é a peça exposta no MNAC e digam-me vocês se isto é coisa que se apresente. Um maluco que compre uma obra de arte destas depois faz-lhe o quê: pendura-a na parede da sala?

H. Suite III
(A única componente artística que aqui se pode ver é o meu auto-retrato mas não sei se é suficiente para salvar a H.Suite III)

Leio na sua apresentação no site do MNAC:
(...) As obras assumem assim vários níveis de leitura, nos quais intervém a memória e a subjetividade, mas também as noções de habitacção, construção e território, essenciais ao trabalho do artista. As suas instalações expandem-se e transformam o espaço onde se implantam, criando um outro território vivencial, que, porém, nos anos 90, se vai depurando de carga simbólica, para afirmar a sua dimensão arquitetónica e material. (...)
e fico a pensar: 'caraças, devo ser muito burra para olhar para a peça e não descortinar as coisa inteligentes que os entendidos ali vêem'.

Ou seja, lá está: o palhaço Trump acha que Meryl Streep é das actrizes mais sobre-valorizadas de Hollywood e nós, ao lermos os tweets que o animal bolça, achamos que só pode ser um boçal quem assim blasfema. Portanto, sei bem que ao dizer o mesmo das estrelas Julião Sarmento e Pedro Cabrita Reis estou a pôr-me a jeito pois não faltará quem ache que só uma atrasada mental é que pode ainda não ter lido, de cabo a rabo, a Odisseia e, para cúmulo, achar que estes dois brilhantes artistas plásticos não dão uma para a caixa.

Mas azarinho, é o que eu penso.

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Para coisas mais interessantes queiram, agora, por favor, descer até aos dois posts seguintes. Talvez gostem.


1 comentário:

bea disse...

Pronto, eu também não gosto de nenhum deles e quero lá saber se são muito famosos. É verdade que fiz questão de ver o exposto por Pedro Cabrita Reis na bienal e tive alguma vergonha (haveria por lá gente como ele), pareceu-me até que o palácio que lhe foi destinado era mal empregado. Mas, lá está, nada entendo de arte. Sou só um gosto anónimo e que não deve ser bom gosto.