sábado, julho 02, 2016

Livros para morrer antes de ler





Tem graça que ainda no outro dia aqui confessei que aquilo da Guerra dos Tronos para mim é chinês. Parece que todo o mundo sabe o nome dos personagens e que a história é conhecida do género humano em geral desde o início dos tempos - e eu a zeros.

E há mais, oh se há. Mato. De resto, tenho isto (e já mil vezes aqui o falei): recomendem-me muito um livro ou mostrem-me que é um êxito e eu imediata e definitivamente me colocarei ao largo. Mas se isso é desculpável em relação à nova 'literatura', em especial aos best sellers de cordel, mais difícil é ser socialmente aceite se a minha ignorância se estender aos clássicos. Aí, então, nada a fazer. Estampo-me a cada um que me atirem à cara.

Ulisses. Pois. Caraças, uma vergonha. Não li. Não tenciono ler. Gigante e, sempre que o folheio, parece-me maçador até à quinta casa.

E quem diz o Ulisses diz outros. Folheio, cheira-me a coisa de gente maçadora e está bem, está. 

Vários do Saramago: chatos, chatos... No entanto, calma aí, O Ensaio sobre a Cegueira é para mim dos livros mais marcantes que me passaram pelas mãos, pelos olhos, pelo coração, pelas vísceras.

Do Lobo Antunes: com excepção dos primeiros e dos livros de Crónicas, é para esquecer. Ele pode gostar muito. Eu não. Não tenho paciência para andar às voltas sem sair do mesmo sítio.

Sou devoradora de escrita e papo quase tudo, incluindo capas de revistas de proveniência mais do que duvidosa  mas não me peçam para gastar o precioso e curto tempo da minha existência com intermináveis maçadas.

E vem isto a propósito do leio na Revista Bula:


Transcrevo a apresentação:
A existência humana é um paradoxo. É longa suficiente para ouvir várias vezes as dezoito horas de música magistral do ciclo operístico “O Anel de Nibelungos”, de Wagner, mas curta demais para ler inteira a série de livros “Guerra dos Tronos”. Portanto, para te ajudar a não desperdiçar sua existência, a Revista Bula apresenta uma lista de obras literárias para morrer antes de ler. Afinal, a vida e a paciência são curtas.
E começam então a enumeração dos 20 entediantes livros. 

E começam logo pelo dito:

Guerra dos Tronos (desde 1996), de George R. R. Martin
Antes dos senhores acenderem suas tochas e pegaram seus ancinhos relaxem um minuto para uma declaração. Eu sei que o nome da saga é “Crônicas de Gelo e Fogo”. Só escrevi “Guerra dos Tronos” para quem não participa da seita entender do que estamos tratando. Agora, vejamos: cada livro deve ter umas 15 mil páginas; todos os 50 volumes somam aproximadamente 95 mil páginas ao quadrado. Resultado, funil de vida por funil de vida, melhor assistir a série.

Segue-se outro de que também não cheguei perto:

Finnegans Wake (1939), de James Joyce
Joyce sugeriu que usemos toda nossa pobre vidinha mortal na tentativa de entender “Ulisses” em sua completude. O mestre Otto Maria Carpeaux achou melhor só gastar alguns meses e usar o resto do tempo para fazer outras coisas. Boa sugestão.Mas não há garantias de que esse “resto do tempo” seja suficiente para entender — ou mesmo arranhar a superfície de — “Finnegans Wake”. A leitura desse romance rizoma será sempre um “trabalho em progresso”. Só para os fortes e monges reclusos.

Não vou aqui transcrever todos, que isso poderão ver no artigo completo. Salto já para um do Saramago que tem graça como ideia, a metáfora pegou mas que, como livro, com as minhas desculpas, de facto, um bom pincel.

Jangada de Pedra (1986), de José Saramago
Alguns cínicos defendem que o mestre Saramago só escreveu livros ruins depois que ganhou o Prêmio Nobel. Isso é uma grande mentira. “Jangada de Pedra” prova que ele já escrevia livros ruins antes do Nobel. 
Temos aqui um exemplo lamentável de uma ótima ideia em uma péssima execução. Esse romance é mais perdido do que a Península Ibérica em sua mirabolante navegação pelo Oceano Atlântico.
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Podia juntar, de minha lavra, mais uns quantos quilos de maçadorias, uns de autores clássicos mais mortos que mortos e de outros, supostamente clássicos apesar de bem vivos. Mas a verdade é que, de tão chatos, a minha memória os varreu. 

Além disso, estou tão a dormir que, de cada vez que escrevo uma frase, caio a dormir até que o meu despertador interno me acorda, minutos depois. Mas, se fizerem questão, meto-me debaixo de um chuveiro de água fria e volto aqui para debitar mais uns quantos.

E agora que venham daí os meus Leitores mauzões para me fustigarem, Ignorante! Ignorante! Não leu os clássicos?! Chato... o Joyce?! É pá, ganda burra!

Querem bulha? Ok. À vontade. Podem vir.

Quantos são!? Quantos são!?
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Lá em cima “Folding” de Shen Wei Dance Arts

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo sábado.


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