sábado, novembro 14, 2015

Paris a arder. Outra vez. Fala-se em cento e vinte e sete mortos confirmados e um número indeterminado de feridos. Um massacre, uma terrível carnificina. Acção terrorista concertada. (Em actualização)



Estou a escrever enquanto ouço as notícias. Ouço que já são 42* os mortos segundo números oficiais (ouvi agora falar em 60* mas são números não confirmados) e muitos feridos, fala-se em mais de 100. Tiroteios. 


Em frente do Bataclan, em Paris, foto de Laurent Troude para o Libération.


Explosões perto de um estádio, as pessoas a fugirem, François Hollande, que assistia ao jogo França - Alemanha, foi de lá retirado. Imagens que marcam: o terrorismo a condicionar a vida normal.



Reféns num Centro de Artes. Fala-se de um número que pode ascender a mais de 100. Não se sabe. Ouvem-se ainda disparos. Leio a palavra massacre, acções a frio. Li agora no Libération:


Un journaliste d'Europe 1 se trouvait à l'intérieur du Bataclan, où avait lieu un concert, quand ont éclaté les coups de feu. «Plusieurs individus armés sont rentrés en plein concert, raconte-t-il. Deux ou trois individus non masqués sont rentrés avec des armes automatiques de type kalachnikov et ont commencé à tirer à l'aveugle sur la foule.» Julien Pearce estime que «ça a duré une dizaine, une quinzaine de minutes. Ça a été extrêmement violent et il y a eu un vent de panique. Les assaillants ont eu tout le temps de recharger à au moins trois reprises. Ils n'étaient pas masqués, maîtres d'eux-mêmes. Ils étaient très jeunes.»

E também:

Un témoin raconte : «j'étais dans la fosse devant, c'était un concert où la musique était forte, j'ai entendu des pétarades, je me suis retourné, et j'ai vu une silhouette avec une casquette qui se détachait vers la porte du fond, il tirait dans ma direction. Les gens ont commencé à tomber et se jeter au sol. Je pensais que le mec à côté de moi était mort. Je pense que c'est le cas. 'ai couru, j'ai sauté la barrière et je suis sorti dans le premier mouvement de foule près de la scène. Je suis sorti par la sortie de secours à l'extrémité opposée de la salle. On est réfugiés dans un café, barriquadés au premier étage. Les gens nous ont cru tout de suite. C'est la guerre ici, ça tirait encore tout récemment, on n'entend que les sirènes, on attend pour être évacués dans un café boulevard du calvaire». 

Confusão e medo. As televisões francesas também sem saber o que se passa. Pelo menos do que estou a ler e a ver na televisão, não sei porquê. Talvez a esta hora ainda ninguém saiba bem o que se passa. Paris, a cidade amada, a cidade das luzes. Paris, mon amour



Tantas vezes isto, Paris debaixo do medo de atentados. O terrorismo a macular a cidade grande. Falam-se em tiroteios em vários lugares, em sete. Mas parece ser uma acção concertada. Abaixo, o gráfico dos locais que estiveram debaixo de fogo.



Agora há tiroteio em Les Halles. Foi lá que pela primeira vez entrei numa FNAC, fiquei maravilhada, vários pisos, tantos livros, tantos. No largo ao pé, há lá um carrossel muito bonito. 

Atiradores abriram fogo no bar «Le Carillon», perto do Bataclan, matando e ferindo várias pessoas



Ouço na France 24 um especialista em Defesa, antigo alto funcionário do Ministério da Defesa, a dizer que as televisões (que estão a transmitir em directo) devem evitar dar informações precisas pois não é raro os terroristas guiarem-se pelas informações que as televisões passam.

Assustador, isto. Há tão pouco tempo o Charlie Hebdo. O mundo está a ficar um lugar tão perigoso. Eu sei que a Síria, o Iraque, eu sei, todos esses sítios desfeitos, as pessoas em fuga, sei. E sei também que a Europa tem as mãos manchadas de sangue. Mas custa tanto ver que o perigo está tão perto da nossa porta e que parece ser a vida normal, segundo os valores ocidentais, que está debaixo de fogo.

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Hollande falou: decretou estado de emergência em todo o território francês, pediu que as pessoas fiquem em casa, o trânsito vai ficar fechado em vários locais, o metro em Paris está fechado, este sábado as escolas não vão abrir e, mais surpreendente, mandou fechar as fronteiras de França.


Foi activado o plano "rouge alpha" para situações de multi-atentado. Foram enviados 200 soldados para as ruas dos atentados. Foi activado o 'plano branco' nos hospitais.


Leio agora que mais de 1.500 militares foram mobilizados. Os parisienses criaram o movimento 'porta aberta' e estão a abrir a porta a quem esteja nas ruas, sem ter onde pernoitar (não há transportes)


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Antes falou Obama, a solidarizar-se, a oferecer ajuda. Nova Iorque também está com a segurança reforçada.

O que é isto?
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A France-Press informou que a explosão junto do estádio foi um ataque suicida.


A France-Presse informa que a polícia entrou no Bataclan. Ouvem-se tiros. Ouve-se uma explosão, pensa-se que de uma granada lançada pela polícia. 



A pedido das autoridades, a televisão não vai transmitir imagens do Bataclã. Parece que três terroristas foram abatidos. E que, antes disso, lá dentro foi uma carnificina. Teme-se o pior.

* Meu Deus! Fala-se em 100 (cem) mortos dentro do Bataclan. Que horror deve ter sido aquilo, que horror, que maldade, que frieza levou a que se tivesse uma coisa destas a sangue frio. Como pode acontecer uma coisa destas sem que as autoridades conseguissem prever, evitar? Ainda por cima, Paris estava em estado de alerta. Que horror. Quem fez isto? Li que teriam sido franceses vindos da Síria. Mas não sei. Sei é que isto é alienação ou maldade ou algo de muito mortífero. Hollande está a ir para lá. Imagino o cenário de horror que ele lá vai encontrar. Meu Deus.


Os atentados foram, entretanto, reivindicados pelo Estado Islâmico.


[Por volta da uma da manhã, li que havia um incêndio na chamada jungle de Clais, o campo de refugiados. Não se sabia se tinha relação com a tragédia de Paris. De manhã percebo que não, apenas mais alguma destruição num lugar onde vive quem já está quase destruído]

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A primeira imagem pertence à série “Choreograph” do fotógrafo James Welling e tinha-a colocado no post antes de saber o que se estava a passar em Paris e quando me preparava para escrever uma das minhas rêveries. Deixo-a ficar como apontamento da normalidade que eu supunha manter-se ao longo da noite.

As restantes fotografias foram aqui colocadas quase em tempo real a partir do Libération.


A música é de Beethoven - Missa Solemnis (D-Dur, opus 123) Kyrie e tinha-a aqui colocado também antes de saber desta desgraça terrível. O Maestro é Leonard Bernstein.
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Com o coração assustado e entristecido, desejo-vos, meus Caros Leitores, um sábado feliz.

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2 comentários:

Anónimo disse...

Acabo, há pouco, de chegar a casa e só há uns 20m vi e ouvi o que sucedeu, em Paris. Um horror! O terrorismo no seu pior! E o fim de Schengen, o que vai dar razão ao RU (e não só!). E talvez a Europa (UE) se convença, de uma vez por todas, que o problema, ou melhor a ameaça à Europa é o IS e não a Rússia. Juntem esforços, todos, para combter esta ameaça terrorista, islâmica.
A liberdade de circulação europeia vai deixar de ser o que era, ou seja, uma das consequências deste ataque terrorista. E o Ocidente a afastar-se, politica e economicamente, cada vez mais dos países árabes?
Que consequências terá isto, no seio da UE?
P.Rufino

Rosa Pinto disse...

Hoje somos todos humanos. União... união... contra este "estado" que ataca a humanidade. A Europa não deve viver refém desta gente..não pode virar as costas aos que fogem destes desumanos.
Je suis humain!