quinta-feira, agosto 27, 2015

A difícil vida das pessoas verdadeiramente ricas. Ralações, ralações, ralações.


No post abaixo falei de árvores maduras, de mulheres maduras, de beleza, de um filme sobre um fotógrafo que sabe captar a beleza das mulheres independentemente da sua idade. Peter Lidbergh reuniu seis mulheres que eram lindas nos anos 90 - e que, agora, são ainda mais bonitas.

E estava eu nisto, numa de frescuras e assuntos levezinhos próprios para a estivalidade mental de que me apetece estar imbuída, quando um artigo despertou a minha compaixão. Explico como lá cheguei.




  • Já tinha feito vista grossa, e a muito custo o faço, aos milhares de pobres coitados que fogem da guerra e da miséria, vindo com a roupa do corpo e os filhos ao colo, quando não no ventre, em barcos sobrelotados ou a pé ao longo de estradas e fronteiras;
  • já tinha feito vista grossa às palavras do cherne Barroso que, depois de andar a alinhar em guerras e guerriúnculas que muito contribuíram para a instabilidade e desgraça nos países de onde provêm os imigrantes, anda agora rançosamente armado em moralista;
  • já tinha igualmente feito vista grossa face a Guterres que, centenas de milhares de imigrantes e muitos milhares de mortos depois, resolveu lembrar-se que é Alto Comissário para os Refugiados e acordar e sair à cena, dizendo as vacuidades sensatas e redondas em que ao longo da vida se especializou;
  • já tinha também feito vista grossa face ao que se está a passar na Hungria, uma vergonha, um pesadelo - é que se é certo que a Europa, exangue, desguarnecida e sem liderança, não tem capacidade para absorver ilimitadamente estes muitos milhares de imigrantes (só na Alemanha, este, ano, estima-se que sejam 800.000), não menos certo é que não é fechando fronteiras, erguendo muros ou desatando ao tiro aos desgraçados que se resolve uma crise desta monta;

mas não podia ficar insensível perante a alegria que finalmente parece estar a sossegar o espírito de uns quantos infelizes. É que, nos últimos dias, tinha sido tristeza a mais, aquela tristeza que vem envolta em incompreensão e sentido de injustiça. Refiro-me, claro, à tristeza resultante das desastrosas perdas que os grandes jogadores de roleta, os big capitalistas de casino, os verdadeiros donos do mundo, averbaram perante o descalabro bolsista desencadeado pelo bater de asas da borboleta chinesa - mas que, felizmente (para eles), parece estar a acalmar. 



Além disso, não nos esqueçamos daquela de que nada se perde, tudo se transforma: é quequando alguém muito perde, outro alguém muito ganha. Se Bill Gates, o mais rico dos ricos, andava tristinho por ter dito adeus a $3.2 milhares de milhões no início da semana, já Amancio Ortega, o dono da Inditex (Zara e etc.), ganhou $2.6 milhares de milhões num único dia. 
Milhares de milhões que se ganham ou se perdem apenas porque sim, por nada, por especulação, por desfastio, por sorte ou azar. Zeros que crescem ou diminuem na conta dos verdadeiramente riscos e que valem mais, muitas mil vezes mais, do que as vidas anónimas que tudo arriscam na dolorosa procura por um futuro melhor, num El Dorado que não existe.

Por preguiça, pela qual me penitencio, vou transcrever, tal e qual, o artigo de Emily Jane Fox para a Vanity Fair.

Finally, Some Good News for Billionaires



Investors across the world have been biting their nails over the last week, as global markets careened off a cliff on fears of a slowdown in China.

The bleeding seems to have slowed for now, and no one is happier about that than billionaires.

After days of shaving hundreds of billions of dollars off their collective fortunes, the world’s richest people saw a quick 180. In fact, the top 200 billionaires added $10 billion to their pile of money on Tuesday, according to Bloomberg’s Billionaires Index.

The index measures the wealthiest people across the globe each day based on market and economic changes, and updates net-worth figures, gains, and losses for the billionaires every evening.

This return to raking in the dough is a swift, and likely welcomed, change, though it still doesn’t begin to make up for the agony over the last few days. Just on Monday, Bloomberg reported the world’s 400 richest people lost a combined $124 billion, with 24 billionaires seeing their wealth fall by more than 10 figures. Bill Gates, the richest of the rich, said good-bye to $3.2 billion and Amazon's Jeff Bezos lost $2.6 billion at the start of the week, according to the index. Mexico's Carlos Slim’s wealth toppled to its lowest level since the index started charting wealth three years ago.

This is after these billionaires lost $182 billion last week, which, at the time, was the largest weekly drop in the index’s history.

But at long last, Tuesday brought good news to many rich men. Amancio Ortega, owner of the world’s largest clothing retailer Inditex, added $2.6 billion to his fortune in one day, while LVMH chairman Bernard Arnault tacked on $1.3 billion.

Many American billionaires weren’t so lucky. Sheldon Adelson, Warren Buffett, and Larry Ellison each shed nearly $600 million Tuesday. The Koch brothers both lost $450 million, and for Gates, another $430 million, the Index showed.

This has been a public-service announcement to hug your local billionaire.

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Nem de propósito, o Luís M. Jorge, autor do Vida Breve, com quem em tempos muito discordei mas que sigo por nele reconhecer aquela forma de inteligência desabrida que me agrada, mostrou um vídeo onde a Mariana Mortágua* não passa ao lado desta finança de roleta que vem dando cabo do mundo sem que ninguém consiga encontrar um travão eficaz.

Mas que, ao menos, vamos ganhando alguma consciência para que não sejamos tão facilmente manipulados. Pela oportunidade, coloco também aqui esse vídeo:


Mariana Mortágua: lições do crash




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* Uma pergunta: porque é que os senhores do PS não arranjam alguém que fale da mesma forma cristalina que a Mariana Mortágua e não aparece assim perante o eleitorado, com sentido de oportunidade, com capacidade de desmontagem de embustes e de alerta para os riscos do liberalismo desregulado? É que isto é eficaz, é sóbrio, é útil - e o eleitorado agradece.


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Relembro: abaixo há um vídeo com 6 mulheres muito belas - as que, nos anos 90, eram consideradas das mais belas da indústria da moda.  Peter Lindbergh mostra como agora são mais belas, mais interessantes.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quinta-feira. 
Saúde, sorte, alegria, leituras, sorrisos, cor, luz, amor e dinheiro para os trocos - é o que vos desejo.

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