quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Pay attention! Portugal is not Greece! - disse, com aquele seu sorriso Pepsodent e com a usa grandiloquência habitual, o vice-irrevogável Portas na 'Lisbon summit 2015', falando em inglês, quase parecendo que se estava a apresentar a um exame do 1st Certificate. Um piadão! Não tendo aqui o vídeo desse momento humorístico, brindo-vos com um número de um outro prestidigitador: Mac King


Ouvi o artista Paulo Portas no carro e à noite vi-o na televisão. Parecendo que queria fazer-se passar por um membro da família real inglesa, todo ele aspirava os hhs, todo ele requebrava a língua. E todo vaidosão, que não é a Grécia e tal. Dir-se-ia que não lhe cabia um feijãozinho, todo orgulhoso com o luxo que são os indicadores económicos e financeiros portugueses - um país que tem uma dividazinha* mais pequena que uma caganita de láparo e onde só os calaceiros é que não têm trabalho, ui, tão bom...! - e todo ele sorria, parecendo fingir que, quase por decoro, escondia a legítima soberba. E depois patrioteiro, que não é grego, que é português e europeu, e quase revirava os olhos com a épica afirmação. E todo ele silêncios a ponderar o efeito da palavra seguinte, num inglês de aluno do British Council.

De gargalhada. Ridículo na forma e no conteúdo.

Mas, vá lá, muito bem vestido e de cabelinho bem penteado. Ao menos isso.


Paulo Portas diz que não é grego.

E eu confirmo. E lamento.
Tomara que fosse. Tomara que defendesse o seu país como o governo grego o tem feito.
E, já agora que, como homem, tivesse a graça que tem o Varoufakis. Assim, só temos a perder.


Um dia o Paulo Portas talvez me dê razão: ganhava em seguir o exemplo de Sócrates, ir estudar filosofia para outro país, ficar por lá algum tempo. Podia vir de férias, cabelo rapado a la Varoufakis, barba cerrada, óculos escuros, um look radical (de modo a que ninguém o reconhecesse). Depois, mais tarde, mais maduro, mais atinado, talvez a gente o aceitasse bem de volta. Poderia ser comediante, fazer stand up ou assim. E aposto que punha a plateia ao rubro. Se já põe e ainda está a fazer apenas de vice-irrevogável, imagine-se o que seria se estivesse à solta, completamente desbocado.

Mas não, por aí anda, armado em importante. Só que, por muito que se pinte, há qualquer coisa nele ou no seu longo historial que faz com que ninguém já consiga levá-lo a sério. A gente vê-o e só o imagina a dar saltinhos em cima de linhas vermelhas.

Gostava de poder partilhar convosco esse momento de comédia em Cascais, no Lisbom summit 2015 patrocinada pelo The Economist mas não encontro nenhum vídeo. Assim limito-me a dizer que podem ler aqui alguma coisa sobre as bicadas de Paulo Portas à Grécia. 


E, aos que vinham à espera de um momento de diversão, para não darem a visita por perdida, aqui deixo um mágico, um ilusionista (que, claro, teria muito a aprender com o Mestre Paulo Portas): Mac King. Mas, apesar de um aprendiz ao pé do nosso vice, este Big Mac é o máximo.




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Só espero é que na próxima, quando o Paulo Portas for fazer outro número especial, faça o favor de, no fim, tirar um peixinho dourado da boca. Vivo, claro está.

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* Já agora do facebook de Francisco Louçã, conforme enviado por Leitor a quem muito agradeço:


facebook: rancisco Louçã: Factos são factos: Portugal não é a Grécia? Não. Portugal tem uma dívida externa líquida maior do que a Grécia.  ...

Francisco Louçã:


Factos são factos: Portugal não é a Grécia? Não. 

Portugal tem uma dívida externa líquida maior do que a Grécia.


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5 comentários:

Anónimo disse...

Magnífico este seu Post! O verme, para além de falar um inglês fraquinho (nesse aspecto, o pilantra do Barroso é bem melhor), é um pavão, uma figura patética, de falta de solidariedade para com um povo que nenhuma culpa tem por aquilo que sofre, o grego, em virtude das malfeitorias do capital grego, basta ver a quem o governo grego tem de pagar a dívida, perante quem está individado.
Portas é um palhaço de circo. O Palco é o país e ele tenta entreter-nos com umas patuscadas para nos distrair da catástrofe em que o governo de que faz parte nos enterrou.
Passará à História em Outubro. Desta vez, para sempre.
P.Rufino

Anónimo disse...

Para sermos honestos convem referir que a divida publica portuguesa é bem inferior à grega e a unica razão para que a divida total externa ser semalhante é porque de facto a economia privada grega tem um melhor desempenho e melhor gestão que a portuguesa.
Alias uma grande parte da divida total externa portuguesa resulta da banca privada, que como sabemos tem investido sensatamente o dinheiro - aliás o mercado da construção bem agradece; sobre o assunto podemos sempre pedir um seminário ao salgado...
J

Anónimo disse...

Somos iguaizinhos à Grécia! Iguaizinhos! O Portas vale bem um Varoufakis e o Coelho vale um Tsipras! Estão bem uns para os outros! Iguaizinhos, iguaizinhos! Só muda a forma, o discurso, o "look"!
Para mal dos meus pecados, tenho de concluir que o Coelho tinha razão: não passavam de contos de crianças! Uma brincadeirinha...
O Hollande desiludiu-me, mas voltei a cair no engodo. Achava que estes do Syriza, supostos radicais, iam fazer alguma coisa. Não digo cumprir todas as promessas, não digo pôr a Europa a seus pés, não digo mandar os credores todos à fava. Mas alguma coisa. Num dia implementam o aumento de 25% do salário mínimo e a recontratação de funcionários públicos. No dia seguinte revogam essas medidas. Portanto, só as fizeram para dizer que fizeram e que as tiraram por culpa dos outros, da Europa. Uma brincadeira. Para isso não faziam. Num dia dizem: "extensão do programa? Jamais." E o Varoufakis, com o seu ar de arrebatador de corações, o sorrisinho malicioso e aquele ar de "olhem-para-mim-sou-tão-bom-e-tão-esperto", garante: "isto não é bluff!" Pfff! No dia seguinte, extensão do programa por 4 meses. Acordo-ponte sem ser com a Troika pelo cano abaixo. As metas são as mesmas, as condições também. Única diferença: os milhões destinados a apoiar a banca foram-se, o Schauble não é nenhum Passos, nenhum Tsipras, veja lá se não lhes mandou passarem para cá os milhõezinhos. Vergados, humilhados. Uma brincadeira, um conto para crianças. Fico estupidifacada: é preciso ser muito parva para o Passos ser menos parvo do que eu!
O povo saiu à rua, pela primeira vez em tanto tempo, não manifestar-se contra o Governo, mas em seu apoio, contra a inflexibilidade da UE. No dia seguinte, o Governo manda-os todos à fava. Uma brincadeira...
E a UJM acha que os gregos, que o Syriza, têm mais "guts" que o Portas e o Passos? Iguaizinhos! Pregam uns e outros que viraram a página, que não vamos voltar ao que era antes... Uma brincadeira, um conto de crianças...
JV

Rosa Pinto disse...

Como o Portas só há um: ele e mais nenhum!!!

Beijinho

Um Jeito Manso disse...

Agradecendo a todos, permito-me uma resposta rápida à JV,

Pode ser que venhamos a assistir na Grécia à Hollandização das expectativas mas não bastam duas ou tr~es semanas para tirar essa conclusão. A política é a arte da negociação, do conseguir obter equilíbrio para levar por diante o que se quer.

Não vai num mês? Vai em 4, ou em 6 ou num ano, mas é preciso é que se caminhe nessa direcção. Não se vai sozinho? Não faz mal, arranja-se quem alinhe connosco para ser mais fácil lá chegar.

E, até ver, é isso que observo na Grécia.

Talvez tenham sido arrebatados demais aos colocarem as expectativas altas logo para o momento 1 da governação quando se sabe que a recuperação não é coisa de one time shot, é antes um processo.

Por isso, eu continuo expectante e a achar que passos importantes já foram dados. Só o facto de ver governantes a serem capazes de bater o pé e quererem ser ouvidos já é um bom começo.

Se se desistir à primeira contrariedade não se está a dar sinais de maturidade e eles têm sido capazes de aguentar o embate e adaptar o discurso e isso não é forçosamente mau, é apenas saberem que Roma e Pavia não se fizeram num dia.

É o que eu acho, pelo menos.

E é sempre um prazer ler os seus comentários arrebatados e bem escritos.

De facto aquela tradução do Sena do outro dia era bem estranha, artificial, rebuscada. Não soava lá grande coisa, tenho que lhe dar razão.

Um abraço!