sexta-feira, junho 27, 2014

Todas as pessoas deviam ter por nome próprio Quase


No post abaixo já falei do Ronaldo, do jogo contra o Gana, da reacção do Bruno Alves e de mais não sei o quê. E com isso encerrei o capítulo Selecção Nacional, Copa do Mundo 2014. Ponto.

Mas isso é depois deste. Agora aqui a conversa é outra.


Três Romances, se faz favor






Portanto não foi ele, mas sim a minha profunda admiração, diria mesmo amor, uma espécie virulenta de amor, por ele, que me lixou a vida. 


Uma pessoa depois de viver intensamente, de viver excessivamente, de viver até aos limites da vida, fica perdida, acabada, vencida.  Viu o que não devia ter visto, apesar de o ter querido ver, mais do que tudo.

Talvez fosse isso. Pelo menos próximo disso. 

Eu não tenho desculpa alguma em ter falhado a minha vida. Eu queria ser escritor, sem saber o que queria. Aliás, tem uma certa piada, uma piada sombria, haver gente, antigos amigos íntimos, como se diz, que julga que vim para aqui para escrever o meu livro, uma ficção que eu nem alimento, nem contradigo. Podem estar mesmo à espera de que o livro saia, mais dia menos dia. À espera das passagens mais escabrosas. Mas não sai nada. Nem sequer tento. Seria demasiado doloroso. Tudo o que me faz lembrar o meu amigo é doloroso. 



Na minha nova casa, um andar da minha mãe herdado do meu avô da América, o único familiar do qual me sinto próximo sem nunca o ter visto vivo, era absolutamente proibido falar do meu amigo, o que nem sequer conseguia impedir. Vieram-me com histórias do tipo: que foi perseguido pelas finanças por causa dos tais impostos que nunca pagou, que recomeçou a escrever crónicas para outros jornais, que casou pela segunda vez, desta vez com uma judia, que continua a ser o génio que sempre foi, absolutamente monstruoso e insuportável. 


Dói saber que aquele que viveu em nós, continua a viver sem nós



Como escreveu Frederico Nietzsche: é fácil encontrar-me, o difícil é deixar-me. 

Penso que tem alguma coisa a ver com o que me aconteceu. 

É bem de ver que tive outras dores na minha vida, mas aquela dor de afastamento, uma dor tão aguda que alterou, irreversivelmente, o decorrer da minha vida, nunca a tive antes, nem depois. 

Se assim não fosse não pensava nele tantas vezes, umas com incerta alegria, outras cheia de melancolia, a maior parte das vezes numa confusão de sentimentos.







Conversa com Pedro Paixão no Bairro Melancólico




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A música é de Clara Schumann, compositora de eleição de Pedro Paixão - Trois Romances pour le pianoforte, Op. 11, n° 1. Andante (mi bémol mineur)



O texto a itálico é de Pedro Paixão in Espécie de Amor sobre Miguel Esteves Cardoso e sobre a amizade louca que os uniu e que quase o destruíu. 


O vídeo tem o nome de Bairro Melancólico e é uma entrevista a Pedro Paixão, uma entrevista muito fora do comum e de grande qualidade realizada por um jovem que desconheço. Desconheço igualmente se se trata de uma entrevista que tenha passado em algum canal de televisão.


As paisagens nocturnas quase etéreas são fotografias de Barry Underwood.


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Relembro: se descerem um pouco mais, poderão saber o porquê da chorosa reacção do meu Rinaldinho (como alguém que frequenta o Um Jeito Manso e cujos humores incertos são bem conhecidos, num outro dia designou o meu querido ex-bebé) bem como o que penso da participação portuguesa na copa 2014, ou melhor, do que penso de uma certa moda nova que parece andar a contagiar os novos craques da futebolite e da politiquice nacional.

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E por agora por aqui me fico, desejando a todos uma sexta feira com bons momentos. 
A vida é breve para que desperdicemos os pequenos instantes de paz, não é?

Saúde, sorte e alegria é o que vos desejo, meus Caros Leitores.


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