sexta-feira, fevereiro 28, 2014

Os meus últimos livros


Abaixo deste (e de hoje) há mais três posts: logo aqui abaixo tenho as palavras de três pessoas inteligentes que se pronunciam sobre mais um embuste e que, uma vez mais, tem gravosos custos para os portugueses. Viriato Soromenho Marques, Nuno Teles e Pedro Lains falam sobre a recompra de dívida e sobre a verdadeira almofada de pedra que é a chamada almofada financeira de que o governo fala e os papagaios da comunicação social repetem.

A seguir há palavras a fazerem o pino e, por último, há o vídeo com Paulo Morais a chamar os bois pelos nomes na Assembleia da República.

A coisa hoje já vai, pois, longa, longa, longa. Mas ando há uns dias a dizer que vou falar de livros e já pareço o Passos Coelho e o Paulo Portas que prometem e que, acto contínuo, se marimbam para o que prometeram.

Por isso, e apesar de estar aflita da garganta e a sentir-me engripada, aqui vos mostro as minhas últimas aquisições que me estão a deixar cheia de água na boca.


Bewitched, Bothered & Bewildered

para nos acompanhar na visita




Ella Fitzgerald ft Buddy Bregman Orchestra


*


James Wood - A herança perdida


José Sereto - Versos


Orfeu Canta - Pequena antologia de poesia portuguesa sobre música organizada por José da Cruz Santos





Abro aqui um parêntesis (e fica prometido que ao Dr. Sereto voltarei, não apenas para falar dele como para mostrar alguns dos seus poemas, alguns divertidíssimos) só para deixar um pequeníssimo excerto do suculento prefácio de José Cutileiro:


José Sereto é o da esquerda
e, quando a ele voltar,
mostrarei mais três fotografias
que formam uma divertida sequência com esta
Três ou quatro anos depois, outra noite de Verão no café com o Dr. Sereto, os dois primos Cascos e um agente de seguros que tinha um Taunus, acabou, já tarde, por sugestão de um dos primos, não me lembro qual, em ida a um bordel a évora. 

O Dr. Sereto sentou-se à frente, ao lado do condutor; eu atrás, entalado entre os dois primos, ambos de botas de cano e camisas de manga curta. 

Íamos calados e um cheiro a cabedal e a cerveja foi enchendo o calor do Taunus. 

Passada a Vendinha, o Dr. Sereto voltou-se para trás e anunciou, sardónico: 'Eu sou danado para estas coisas. Já vou de pau feito!'. 

Em Évora, na Rua das amas do Cardeal, enquanto eu e os outros três escolhemos pequenas e desaparecemos para os quartos, ficou na sala a cavaquear com a patroa.

*

Dados biográficos do Dr. Sereto que transcrevo da contracapa: livre-pensador, anticlerical, oposicionista, democrata, amante dos prazeres da vida, regueguense dos quatro costados e primeiro Presidente da Câmara Municipal após o 25 de Abril. 

Da dita introdução a cargo de José Cutileiro retiro também que o Dr. Sereto viveu enntre 1913 e 1983, foi bacharel formado em Direito, secretário do Tribunal e, depois, então, Presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz, vila - depois cidade - onde nasceu, viveu e morreu.


*


A Misericórdia dos Mercados - Luís Filipe Castro Mendes

Veneza pode esperar - Rita Ferro (comprei-o para o oferecer à minha mãe e posso aqui dizer isto porque ela não vê internet; sorte a minha...)

A História não acabou - Claudio Magris (tomara que já não o tenha)

Cidade Proibida - Eduardo Pitta (livro que, só de pensar nele, deve deixar a Ana Cristina Leonardo cheia de brotoeja)

Campo de Sangue - Dulce Maria Cardoso



Já andei a espreitar um e outro como quem tasquinha, pitéus tentadores, companhias que chamam por mim.

Mas o tempo, senhores, o tempo...

Claro que os de poesia são logo uma atracção. Sou atraída pela poesia como por belas e elegantes equações. A zona do cérebro que é activada pela poesia é a mesma que é activada pelo amor pela matemática. A ciência comprovou aquilo que eu, desde sempre, sinto. 



Nós vivemos da misericórdia dos mercados
Não fazemos falta.
O capital regula-se a si próprio e as leis
são meras consequências lógicas dessa regulação,
tão sublime que alguns vêem nela o dedo de Deus.
Enganam-se.
Os mercados são simultaneamente o criador e a própria criação.
Nós é que não fazemos falta.


O livro abre com a citação:

                                                     Poetry is a criticism of life
                                                                     Matthew Arnold


e é um belo, belo livro, com belas, belas poesias. A elas voltarei.


*

Se os estupores que nos desgovernam não estivessem sempre a fazer porcaria, eu tinha mais disponibilidade para falar de livros pois é dos assuntos de que mais gosto de falar. Mas então, fazer o quê?, se aqueles estúpidos parece que fazem de propósito, todos os dias me provocam.


**

E agora já passa das duas da manhã e eu estou cheia de dores de garganta e agora também com tosse. Isto está bonito, está. Como vou poder ir festejar o Carnaval? Estava a pensar vestir-me de baiana, descascada como uma banana, e sambar na rua, coisa tão tipicamente portuguesa, e agora, assim, como vou poder fazê-lo? Só se me mascarar de matrafona.

Vou deitar-me e pensar no assunto. 

  • Relembro: Por aí abaixo há muita coisa interessante de se ler e ouvir. (Posso gabar à vontade porque são, na maioria, palavras de outros).

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E, entretanto, desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo POETS day (já aqui o referi a semana passada mas volto à carga: Piss Off Early, Tomorrow's Saturday).


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