segunda-feira, julho 29, 2013

Como agradar a uma mulher no local de trabalho? Umas dicas. Sushi? Check. Cabeleireiro ou massagem? Check. Yoga? Check. Mas note-se: quem diz mulheres diz também homens. [O caso da Blip WebEngineers, uma empresa do Porto]


Trabalho num grupo de empresas cuja gestão está maioritariamente entregue a homens. E toda a mão de obra, em geral, é também predominantemente masculina. Contudo, a nível  de escritórios, há algum equilíbrio embora mais a nível de execução e não de direcção que, aí, também é quase exclusivamente masculina.

Os homens são pouco dados a frescuras. Não estão nem aí para pensar em coisas que acham acessórias. São capazes de, nas calmas, contratarem estudos de avaliação para saber o clima organizacional ou consultoria em avaliação de desempenho e outras coisas que não contribuem em nada para a felicidade de ninguém e riem-se, superiores, se uma pessoa lhes fala em sushi ou yoga no local de trabalho.

Um ou outro lá é mais sensível mas, receando ser olhado pelos colegas como um flausino dado a modas e sujeito a influências, disfarça muito bem.

Conheço algumas das empresas que são consideradas, em Portugal, das melhores para se trabalhar e há uma marca comum: facilitam a vida às pessoas e trazem algum bem estar para o local de trabalho. Algumas fazem coisas parecidas com o que a empresa abaixo referida faz. 

Aquela coisa (que pode parecer uma moda absurda), a da felicidade no trabalho, é para mim algo a que sou muito sensível. Acho que todos devemos fazer de tudo para que, quem está à nossa volta, se sinta bem, feliz se possível. E isso, no trabalho, não é difícil. Aliás, difícil é percebermos como é fácil.


Concordo plenamente com a liberdade de movimentos dada às pessoas, acho que os resultados se obtêm pela motivação e não pelo controlo ou por métodos um bocado infantilizados, como os estupidamente chamados 'do chicote e da cenoura'. As minhas equipas são sempre das mais motivadas (comprovado através dos ditos estudos e inquéritos) e eu sou tudo menos controladora segundo os métodos tradicionais. Delego imenso, atiro-os para a frente do touro, desafio-os (porque essa é também uma forma de me desafiar a mim mesma), incentivo-os a descobrirem, a aprenderem, a irem à procura, a partilharem conhecimentos com colegas e, inclusivamente, com pessoas de outras empresas. E, se precisam de chegar tarde ou sair cedo ou ficar em casa, ficam. E se durante o dia conversam uns com os outros, se estão na paródia a verem filmes engraçados ou a contarem anedotas, o que faço, quando posso, é juntar-me a eles.

E, por alta recreação e porque são altamente responsáveis, se precisam de trabalhar de noite ou ao fim de semana, fazem-no sem me pedirem opinião. Digo sempre que na minha equipa não quero estrelas: quero, sim, gente que goste de trabalhar em equipa, gente que perceba as dificuldades dos outros e que esteja disponível para aprender e para ensinar e, sobretudo, gente responsável e exigente.

Claro que luto pelos direitos deles. Nos 'grandes direitos', aqueles que têm que ser decididos a nível global, bato-me por eles; nos 'pequenos' faço o que posso. Precisam de ir à festa na escola dos filhos? Que vão. Precisam de ficar com a filha do marido? Que fiquem. Precisam de ir ao médico com a mãe? Que vão. Precisam de ir à garagem ou fazer não sei o quê? Que vão.

E já defendi que houvesse um circuito de manutenção em volta dos escritórios ou um campo de ténis ou uma sala com máquinas (passadeiras, pesos, etc). Não foi aceite, que não teria adesão, ou que poderia alguém sentir-se mal, ou isto ou aquilo. Os homens gostam de complicar, é sabido: vêem dificuldades em tudo, têm medos.

Também, em tempos, no âmbito de uma reorganização maior, calhou ter que olhar para um dos refeitórios. Arranjei maneira de haver um menu light ou um menu low cost, pois é normal as pessoas de ordenados mais baixos, para pouparem o dinheiro do subsídio de almoço ou do refeitório, levarem o almoço de casa e comerem na copa. Ora, providenciando um menu composto de sopa, um prato que pudessem compor a partir de várias opções pouco dispendiosas, uma peça de fruta, talvez aderissem. E aderiram mas apenas ao fim de algum tempo. E arranjei maneira de fazer com que tivesse uma esplanada, que era agradável, um deck sobre um jardim. Meteu arquitecto e arquitecto paisagista. Eu própria acompanhei a escolha das árvores e das flores (...ora não? para mim, tratar de uma coisa destas foi um pitéu...!). Estranhamente levou muito tempo para que as pessoas aderissem, parece que tinham pudor. E os outros olhavam com desconfiança as pessoas que iam tomar o pequeno almoço ou o lanche na esplanada. Quando se lida com miudagem saída da universidade, tudo é fácil. Quando as idades e a cultura e a experiência anterior são outras é diferente.

Um Leitor, a quem muito agradeço, enviou-me um mail com o filme que vos mostro aqui abaixo. 

Women Friendly. Uma empresa no Porto, a Blip WebEngineers. Claro que é uma empresa tecnológica, em que a média de idades é baixa e isso faz a diferença. Mas, seja como for, é um caso a ver: uma reportagem conduzida por Steve Clarck.





*

A ver se ainda cá volto.

3 comentários:

Um Jeito Manso disse...

Caro anónimo(a),

Muito obrigada pela correcção do erro. Não publico, como pediu, mas agradeço-lhe. Tomara que me avisem sempre. Escrevo à pressa, sem me deter e, frequentemente, sem reler e temo que passem muitos disparates como aquele para que me chamou a atenção. Quando o disparate não existe o corrector assinala. Mas quando, como era o caso, a palavra existe, o corrector deixa passar, claro, e eu nem dou por ela.

Agradeço-lhe imenso e peço para, sempre que der por ela, se estiver para isso, claro, me avisar.

Um abraço!

jrd disse...

Entre as várias maneiras de agradar a uma mulher no local de trabalho é proporcionar-lhe o direito à carreira, ao salário,ao trabalho e à responsabilidade iguais.
O resto vem por acréscimo.
:)

Anónimo disse...

Ainda há coisas boas a acontecer neste país. e gente que não desanima perante a crise. E empresas que têm uma filosofia de trabalho que sabe motivar e estimular quem lá peretence.
O país, as empresas e quem nelas trabalha, assim conseguirá resistir ao pior que Passos-Portas nos preparam.
Fico satisfeito!
P.Rufino