sábado, janeiro 19, 2013

Miguel Relvas e Marta Sousa casam-se em Março. Mas eu antecipo já aqui a cerimónia e levanto o véu (da noiva) para vos revelar alguns dos preparativos para o casamento. O local, o copo de água, o vestido.



Miguel Relvas e Marta Sousa, os felizes pombinhos
(enfim, não sei se pombinho é palavra que assente bem ao passarão do Relvas...) 


O Sinhôzinho Relvas, 51 aninhos de bem se servir a todo o gás, vai casar com a Menina Marta, 34 anitos, especialista na escolha de gravatas e que, até agora, ainda não descobriu a forma de disfarçar a queda de cabelo do chefe. Vão, pois, casar em Março. 

O Sinhôzinho gosta de tudo assim, de papel passado. Por exemplo, já antes tinha achado que já sabia tudo o que havia para saber sobre Política e Relações Internacionais - mas isso não lhe bastava, queria atestado. E assim foi que mexeu os cordelinhos, coisa em que é exímio, e agora já é licencioso de papel passado. (Eu disse licencioso? Desculpem: ele quer que se diga licenciado)

Pessoa amiga há já muito tempo me tinha dado conta das movimentações do Relvas na sua rua, embrulhinhos de natal pelo natal (e não me estou a referir a este último natal, claro), carro deixado longe para ver se disfarçava, entradas e saídas furtivas num certo prédio, etc. Era caso comentado na rua, o Sinhôzinho Relvas tinha um arranjinho. Mas eu, que tenho boca de siri, sabendo disto, mantive-me aqui caladinha. Coisas de lençóis é matéria que diz respeito a quem neles se deita. Mais tarde, veio a saber-se que Relvas, esse grande conquistador, tinha resolvido assumir o romance, se tinha separado da legítima, e tinha passado a viver com a dita Marta ali para os lados de Belém.

A dita cuja Marta é a assessora de imagem do ex-Doce, que vai ser o padrinho, e, portanto, sendo o Relvas o responsável pela Comunicação, a coisa fica em casa.

Sendo os dois, portanto, mestres na imagem e na comunicação, é natural que o anúncio de casório fosse pensado ao pormenor, um pontapé dado com efeito.

Mas, coitados, nestas coisas não basta querer, é preciso saber. Arzinho de alpinistas sociais, deslumbrados e, ele em particular, com ar de pacóvio encartado, tudo o que engendram é matéria de gargalhada.

Os pormenores ainda não são públicos mas já divulgaram, no Correio da Manhã (where else?), que a coisa será íntima, apenas para os mais chegados, e que os presentes que receberem serão doados a uma instituição de solidariedade. Ou seja, mal divulgam que se vão casar, já estão de mão estendida à espera de presentes. Gente fina.

E, face a este anúncio, pergunto eu: o que esperam eles que lhes vão dar, que dê jeito a uma instituição de solidariedade? Dinheiro? Arroz, massa e feijão? Cobertores? Leite em pó? Fraldas?

Ou, então, estão a fazer uma encenação da célebre frase que aparentemente Marie Antoinette nunca disse, referindo-se ao estado carenciado da população: Não têm pão? Então comam brioches.

Provavelmente, sabendo que as instituições de solidariedade não conseguem acorrer a tanta gente carenciada que as procura, o Relvas pensou, expressando-se naquele português escorreito que se lhe conhece: hádes ver que nos vão dar umas salvas de prata, uns serviços de chá, coisa assim e isso vai dar para um brilharete, filha, a gente vamos aí a um asilo, com a comunicação social atrás, e somos fotografados a oferecer isso aos pobrezinhos; depois eles dizem que aquilo não lhes dá grande jeito e a gente, ódepois, manda o motorista lá buscar, mas isso já os palermas dos jornalistas escusam de saber, até porque o que conta é a intenção e a nossa é das boas. E, ao pensar nisso, já o Relvas se achará capaz de merecer o próximo Nobel da Paz e ela, moçoila ambiciosa, já se achará qual Lady Di, Princesa do povo. E só de pensar nisso, já ficarão de boca aguada, uma pica danada, tipo baixa aí a cuequinha.

Resta agora saber onde se dará a coisa. Imagino que a seguir-se o gostinho íntimo do noivo, o casamento teria lugar em Las Vegas. Mas como gostinhos íntimos é coisa que, com ele, não são para vir a público, é capaz de propor à Marta que a coisa decorra no Castelo da Caras.  Ela, em contrapartida, cá para mim, se fosse a confessar o seu gostinho íntimo, a coisa teria lugar numa praia paradisíaca, ela de bikini branco, ele de fato de banho branco, ambos com uma coroa de flores enfiada pela cabeça abaixo, pelo meio da testa, e os convidados, o Passos, o  Arnault, o Dias Loureiro, o Seara, o Menezes, o Marco António, o Dirceu, o Efromovich, o Jorge Silva Gonçalves e uns quantos outros jeitosos todos com a água pelo joelho a atirarem-lhes pétalas de flores. Mas como acredito que ela também já tenha aprendido a reservar os seus gostinhos íntimos para quando estão apenas os dois, provavelmente vai achar muito bem que a coisa seja íntima, reservada, no Castelo da Caras.

Por isso, marquem já na vossa agenda: se querem rir a bom rir, comprem a Caras de Março com a reportagem exclusiva do casamento do casal maravilha. 



Antevisão do tipo de vestido que possivelmente Marta Sousa
usará na cerimónia íntima


Ela deve ir de João Rôlo, folho sobro folho, branco virginal (imagino o Relvas a dizer, então pois claro que vais de branco e flor de laranjeira, e estou para ver se há algum palhaço que se atreva a dizer que não és virgem); e ele, que é moço de gostos sofisticados, é capaz de querer ir de Armani. Mas pode alguém ser quem não é? Não pode. Por isso é bem capaz de ir de fato escuro, Armani (com etiqueta à vista), e de camisa preta e gravata branca. E com um cravo branco na lapela, a condizer com a gravata. Chiquitérrimo, o Vai-estudar-ó-Relvas.

Os meninos das alianças também já estão escolhidos: um vai ser o catraio Moedas e o outro vai ser o porta-voz do Relvas, o catraio Marques Mendes. 



Antevisão do bolo  de noiva do Relvas e da Martinha,
obra do ex-doce, agora conhecido como o futuro doceiro de Massamá


Quanto ao copo de água, cá para mim, a menina Marta já andará a escolher o bolo, e haverão de querer um muito original porque devem ser os dois muito dados a ideias muito originais, isso e a decoração da sala do copo-de-água. O padrinho chegou-se logo à frente, isso do bolo deixem comigo. A Marta depois, no recato do lar, ainda protestou com o Relvas, olha lá, ele disse que fazia o bolo e tu deixaste-te ficar calado? Então não sabes que ele não faz nada que se aproveite, deve vir dali uma obra jeitosa, deve, deve... Estou mesmo a ver: tudo quase a desconjuntar-se, ar de derrocada iminente, um desastre como tudo o que ele faz. Mas o Relvas encolheu os ombros, deixa lá isso, filha, é da maneira que não gastamos dinheiro com o bolo e, assim como assim, também já era para se partir aos bocados e ser comido...

Toalhas em grená, com uma fita de cetim à volta, a dar um laço, a fita em beige que é uma cor fina, e tudo a condizer com o bouquet, e, ao meio da mesa, um arranjo também em rosas encarnadas e beige (há quem lhes chame rosa-chá mas o Relvas não sabe disso e, sobretudo, gosta de mostrar que sabe francês e faz questão de fazer biquinho e dizer beige). Lindo, dirão os dois, emocionados, ao pensarem no décor

E que nomes damos às meses, amor?, perguntará a noiva.

Ora, filha, simples: vamos homenagear os amigos. Vamos pôr o nome das cidades onde nasceram. Luanda, Rio de Janeiro, estás a ver? Ligas para o Jorge Silva Carvalho que ele tem a ficha de toda a gente.

E o Relvas deve ainda lembrá-la, ó filha e não te esqueças que quero uma mesa de buffet bem composta, um leitão inteiro, uma cascata de gambas, tudo com fartura. E a Menina Marta talvez lhe diga, ó filho, mas gambas com casca? Não fica tudo lambuzado, com as mãos besuntadas e a cheirar a marisco? – ao que o Relvas responderá com outra pergunta: mas, ó filha, há lá cheiro melhor do que o do marisco, ora essa?

Assim, com os pormenores todos pensadinhos, lá irá o casal maravilha a dar o nó. E talvez daqui por uns mesitos nasça o segundo bebé do governo Relvas, esse grande estadista (desculpem, enganei-me: queria dizer 'do governo Passos, esse grande estadista').



Relvas: ele é que a leva direitinha...
(e mais não digo que a língua portuguesa é muito traiçoeira)


E vivam os noivos!

Hip, hip, zurra! Hip, hip, zurra!


$$$

Claro que isto é tudo ficção, tudo brincadeirinha - e faço questão de o esclarecer pois é sabido que o D. Juan Relvas tem um gabinete que acompanha em permanência os blogues e eu não quero fazer parte do Index do Relvas. Ui que medo.

$$$

E, para já, fico-me por aqui. 
Desejo-vos, Caros Leitores, um belo sábado (e tenham cuidado com a ventania).

12 comentários:

Pôr do Sol disse...

Querida Jeitinho,

Já tinha ouvido qualquer coisa sobe o assunto, mas achei que seria brincadeira de jornalistas.

Agora deixou-me confusa e fui "pesquisar".

Continuo confusa. Não sei se deva admirar a coragem da senhora se lamentar a sorte.

Contudo diverti-me com os seus preparativos.

Parece que a ventania assustadora que nos retem em casa está a abrandar.Oxalá não faça mais estragos.

Um beijinho e um bom sábado.

Anónimo disse...

Que delicioso Post!
Então o velhaco vai casar com a Marta das Neves!
Essa dos “pimpolhos” das alianças está genial.
Este seu humor ajuda a amenizar o temporal que por aí vai.
P.Rufino

GL disse...

Valha-me Deus! Só mesmo a Amiga UJM para me fazer rir. É que as "previsões" da festança estão do melhor.
Quanto ao Relvas convenhamos, foi muito simpática. "ar de pacóvio encartado" não chega para caracterizar a criatura.
A menina Marta?! Bem, a questão aqui é outra. Espanta-me o simples facto de haver alguém que queira casar com semelhante criatura.

Ai, ai, não fora a ambição e tudo seria bem diferente.

Beijinho.

Isabel disse...

Estão bem uns para os outros!
É tudo farinha do mesmo saco. Preocupam-se todos muito com os pobrezinhos!
Cansei-me desta tropa fandanga toda! Revolta-me tudo aquilo que me roubam e continuam a roubar, a mim e a toda a gente honesta que trabalha.

Mas eles são tão bonzinhos! Preocupam-se muito com o povo!

Um beijinho

Maria Eduardo disse...

Olá UJM,
Ri-me imenso com este post e com as suas brincadeiras com tanta imaginação, criatividade e humor. Nas suas previsões não faltou nada, até a lista de presentes!... Se eu fosse convidada para ir a esse casamento e se soubesse com antecedência que a minha prenda seria entregue a uma Instituição de Solidariedade, só para os noivos ficarem bem no retrato, e nas capas de revista, eu oferecia-lhes um envelope "vazio"!... e de imediato ia eu própria oferecer essa prenda/quantia aos pobres,mas mesmo muito pobres, sem jornalistas atrás de mim. Enfim, acho que não seria uma atitude elegante, mas que mais se poderia esperar desse "pacóvio encartado" e da senhorita? "diz-me com quem andas e eu dir-te-ei quem és"?!... Enfim, vamos saboreando para já as previsões descritas por si,com tanta graça.
Obrigada por nos fazer rir neste dia de temporal.
Um beijinho

Um Jeito Manso disse...

Olá Pôr do Sol,

Não é brincadeira, não. Agora não percebo é a que propósito 'os noivos' já divulgaram isto nos jornais e já estão a anunciar aquilo dos presentes. Acho de uma falta de gosto... Mas podia esperar-se outra coisa daquele Relvas?

Sim, parece que o temporal já passou. Pelo menos, agora que escrevo, já não ouço o vento. Ontem batiam as janelas, rugia de uma maneira...

Um beijinho, Sol Nascente, e um bom domingo!

Um Jeito Manso disse...

Olá P. Rufino,

Já imaginou aqueles dois pimpolhos de calçãozinho de veludo pelo joelho, com a cestinha das alianças, um, e com a cestinha do arroz, o outro...?

E o Relvas com a Martinha ao colo a atravessar a porta do quarto?

Não é de ficarmos embevecidos...? Eu estou, que alegria... Este governo só nos reserva surpresas.

Um bom domingo, P. Rufino, e haja diversão!

Um Jeito Manso disse...

Olá GL,

Então se eles já andam a apregoar nos jornais o casório, não é porque querem que a gente comece a pensar nisso...?

E a minha amiga já pensou no que lhes vai oferecer? É que eles estão à espera disso. Se anunciam isso desta forma alargada é porque estão a pensar que uma vaga de fundo se levante para festejar a boda...

Eu, por mim, já sei o que lhes vou oferecer (mas não digo para não estragar a surpresa).

Um beijinho, GL, e um bom domingo!

Um Jeito Manso disse...

Olá Isabel,

O Relvas é uma criatura com um coração de manteiga, suspira de pena pelos pobrezinhos. Quando deram as 12 badaladas na entrada de 2013 e ele estava no Brasil, num hotel de luxo, foi mesmo nos pobrezinhos que ele pensou logo.

E basta ver aquela cara laroca dele para a gente ver que aquela criatura vive para fazer o bem, então não vê?

Por isso, Isabel, tem razão ao pensar e sentir o que pensa.

Um beijinho, Isabel, e desejo-lhe um bom domingo!

Um Jeito Manso disse...

Olá Maria Eduardo,

Ontem, enquanto escrevia, estava um temporal. Aqui onde estou tudo rugia, batia, uma coisa... E hoje de dia havia ramos e árvores e, por todo o lado, sinais da invernia.

Mas esta do Relvas noticiada no Correio da Manhã fez-me rir. Acho que a sua ideia é a melhor, de facto: não lhes dar o pretexto de se armarem em bonzinhos oferecendo o que os outros lhes oferecem a eles. Tudo para o Relvas é motivo de propaganda. Coitada da Martinha. De qualquer forma, sorte a da primeira mulher que, por causa da Martinha, se conseguiu ver livre daquele passarão...!

Um beijinho, Maria Eduardo, e desejo-lhe um bom domingo!

jrd disse...

Então e o casal Mariani? Ela de vison a cheirar a bratwurst e ele com uma daquelas gravatas horríveis com nó estilo chamuça, não vão à boda?
Que maldade!...

:)

Um Jeito Manso disse...

Olá jrd,

Pois é, não me tinha lembrado deste casal - não sei, parece que não é gente que se misture mas, sabe, atendendo a que o Dias Loureiro lá estará caído, é natural que o amigo Aníbal vá 'por arrasto'.

De qualquer forma, ao ler a sua descrição das paramentas, vejo que não apenas são adequadas à ocasião como estarão lá muito bem enquadradas.

Por isso, por favor, considere-os 'in'.

E obrigada pela achega.

Um abraço, jrd.