segunda-feira, agosto 29, 2011

Prémio de Best Blog para Um Jeito Manso...? Thank you, Margarida! ... E agora que eu (a Sibila) já o degustei, o prémio vai para...

E não é que ontem fui uma das happy few que recebeu este miminho?



Eu, que não engraço nada com 'correntes', que nunca lhes dou qualquer seguimento, vi há pouco, com surpresa, que me passaram o testemunho numa delas.

Mas esta é uma coisa engraçada e vou abrir uma excepção. No entanto, vou fazê-lo com uma dentadinha a menos. Uma das condições refere que se devem 'nomear' mais seis 'Best Blog' e é aí começam as minhas dificuldades. Muitos dos blogues que acompanho são temáticos e temas pessoais é coisa que não lhes assiste; em relação a outros, se 'nomeio' os seus autores, corro o risco que me mandem dar uma curva a toda a velocidade (como dá para perceber, gosto de ler o que escrevem os rebeldes). Por isso, vou limitar-me a indicar três, um porque conheço bem a autora e sei que vai alinhar e outros dois porque tenho curiosidade em ver como vão reagir as suas misteriosas autoras.

Assim sendo, vamos lá então dar cumprimento:


Regra Nº 1: Revelar quem me atribuíu o prémio


Pois foi a criativa Margarida que, do que julgo saber, anda a dançar um apaixonado tango com o destino.

Muito obrigada, Margarida, pela distinção e pelo epíteto que me cai muito bem (Sibila. Perfeito).


Regra Nº 2: Compartilhar sete factos pessoais


Primeiro facto: Naquilo de que gosto, sou imoderada.

Adoro ler, sou omnívora no que a leituras diz respeito e, por isso, adoro livros e tenho-os aos montes, quase tomam conta da casa. Gosto de fazer fotografia e faço-as aos milhares, gosto de fazer tapetes de Arraiolos e já fiz tapetes e carpetes quer de modelos originais do século XVII quer de desenho livre, para todos os gostos e tamanhos; gosto de pintar e já pintei tantos quadros que já não sei onde os guardar. Felizmente agora estou na fase dos blogues e tenho menos tempo livre para as restantes actividades. Mas já vou em quatro blogues que, salvo o infantil, alimento diariamente ou quase: este, que é generalista, digamos assim, um de fotografia de rua (que, entretanto, retirei do ar), o de poesia, música, fotografia e devaneios (http://ginjalelisboa.blogspot.com/) e o tal bloguinho para meninos que nunca me lembro de actualizar (Historinhas da Tá).

Parte de uma das minhas pinturas, um dos meus galos para onde toda a cor que tenho dentro de mim jorra em abundância


Segundo facto: Gosto de viver em casas with a view. Preciso de sentir o espaço. Felizmente tenho essa sorte. Das minhas janelas eu vejo um infindável horizonte e posso encher o peito de ar puro e, além de tudo o mais, posso ver as coisas em perspectiva.


Parte da vista que tenho da janela, há pouco


Terceiro facto: Sou muito focada no que me interessa e muito despistada em relação a algumas minudências. (Onde deixei o papel que tinha na mão? Em que dia é que A ou B fazem anos? Onde é que pousei o telemóvel? - nunca sei).

Tenho também um péssimo sentido de orientação.

No outro dia, ia distraída e saí da 2ª circular na saída antes da que queria. Quando dei por mim, estava num sítio estranhíssimo, onde nunca tinha estado, e sem perceber como ali tinha ido parar. Depois de um leve sentimento de pânico (Mas o que é que aconteceu? Onde é que estou?), recompus-me e pensei que, não tendo sido raptada por nenhum alien, deveria ter saído na saída errada pelo que o caso não seria grave.

E lá fui andando (porque nesta terra nunca há sítio para se poder parar o carro). Sem saber onde estava nem para onde deveria ir, procurei tabuletas. Qual quê? Isso é coisa que, por aqui, também não há.

Pensei para tentar acalmar-me, 'Nada de atrapalhação' e, no meio de semáforos, ruas com três faixas, cada uma dirigida a seu específico lado,  lá fui andando na esperança de conseguir voltar para trás, tentando descobrir a entrada anterior da 2ª circular - mas não vi nada que se parecesse com isso. Presumo que, com o meu sentido de orientação, tomei sempre as opções erradas e às tantas começaram a aparecer-me tabuletas que me indicavam que estava na Damaia. Prédios, prédios, ninguém a quem perguntar e nada de sítio para parar.

Eis senão quando tive mais um vislumbre da minhas grandes limitações: então não é que o carro tem GPS?

Feliz da vida, aliviada, lá coloquei a morada e lá segui, cumprindo acrítica e religiosamente as instruções (dentro de 200 metros vire à esquerda, vire agora, siga em frente, encoste à direita,....).

Quase uma hora depois cheguei ao emprego. Caladinha. Jamais poderia confessar que me tinha perdido num sítio onde passo todos os dias, jamais poderia confessar que andei perdida sem me lembrar de accionar o GPS.


Quarto facto: Sou míope, uma coisa ligeira e (mais uma das) que tem vindo a melhorar com o tempo. Mas nunca me sujeitei a usar óculos. Apenas os uso, de sol (graduados), para conduzir (claro, não é...?) e, brancos, para ir ao cinema. De resto, tiro umas pelas outras. Se é alguém que conheço, já lhe conheço os contornos pelo que, se o vir ao longe, cumprimento. Mas, se ainda não existe essa familiaridade, posso passar por mal educada. Em contrapartida, posso cumprimentar pessoas que não conheço, uma vergonha. Mas pior que isso seria andar de óculos. (Não uso lentes porque é uma maçada e nunca me passou pela cabeça ser operada por uma coisa destas). De resto, o olhar das míopes passa por ser um olhar de sedução. Todas as sedutoras do cinema são, de facto, míopes.

Mas, por causa disso, já passei por incontáveis cenas bizarras. Conto apenas uma. Uma vez, há us anos (via pior do que vejo agora) estava num encontro de colaboradores que decorria no piso -1 num hotel. No intervalo resolvi ir ao wc. Coisas destas são complicadas, porque uma pessoa não conhece os cantos à casa. Pareceu-me ver o símbolo de WC e avancei.


Quando estou perto, quase a entrar, eis que vejo um cavalheiro lá dentro do que me pareceu uma pequena entrada. Perguntei: 'É também para mulheres...?'. Com um sorriso divertido, respondeu-me: 'É, é, mas acho melhor não fazer aqui dentro...'.

Era o elevador. O senhor estava dentro do elevador que estava com a porta aberta. Upssss....


Quinto facto: Não tenho grande pancada por sapatos mas, apesar disso, tenho muitos. Cá em casa, sou alvo de perseguição para deitar fora os que supostamente estão a mais mas só in extremis é que o faço, até porque nunca acho que tenho sapatos a mais.  Gosto deles altos e tenho-os de várias cores. Azuis claros, azuis escuros, cor de carne, pretos, encarnados, clássicos ou heterodoxos.

A maçada são as calçadas. Não apenas estragam os tacões como nos fazem parecer ridículas quando vamos a avançar, seguras e elegantes e, opsss..., tacão preso na calçada... E quando o próprio sapato fica pregado ao chão e nós de pé descalço no ar...? Uma conspiração silenciosa contra a nossa coquetterie.

Claro que nos defendemos quase andando nos bicos dos pés mas é cá uma mão-de-obra para ir de um lado ao outro da rua...


Sexto facto: Mas aquilo por que sou mesmo aficcionada é por écharpes. Tenho-as de todas as cores, texturas, tamanhos, finalidades. Acho que são um complemento perfeito para todas as ocasiões. Não resisto às macias, longas, de belas cores.

Isso e baton. Tenho também de todas as cores para darem com a cor da écharpe. Estou a brincar. Não propriamente com a cor da écharpe mas com a cor da roupa, a cor da pele, a disposição do dia.

Não será exactamente uma écharpe mas, enfim, é na mesma base


Sétimo facto: Não gosto do Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro (como pessoa não me pronuncio, não conheço, embora me faça impressão um primeiro-ministro com aquele arzinho de maridinho, sempre agarrado à esposa Laurinha, a dar entrevista a dizer que é muito bom a fazer queijadas).

Mas de quem ainda gosto menos é do Miguel Relvas. Não dá. E de vários outros que por aí andam como, por exemplo, aquele que tem um sorrisinho enervante e uma voz que arranha a minha sensibilidade, o Carlos Moedas - não dá mesmo.

A nível nacional acho que há problemas conjunturais e estruturais graves; a nível europeu há problemas sérios de indefinição e de falta de condução articulada; a nível mundial caíram os anteriores paradigmas e ficou um vazio - e, num momento desta seriedade, deveríamos ter à frente do País uma equipa de gente culta, preparada, com uma visão humanista e com um grande conhecimento histórico e não um grupo constituído basicamente por newcomers, neoliberais ou nem isso.

Mas enfim, tenhamos esperança. A coisa talvez se vá resolvendo por si.


Não quero acabar com uma coisa negativa e, por isso, para compensar a exiguidade das nomeações, aqui vai, de bónus, um outro facto pessoal em versão compacta:


Oitavo facto: Gosto muito de pessoas. Gosto muito de ouvir e ajudar pessoas. Gosto de literatura em geral e muito de poesia, tal como gosto de matemática. Gosto de arte em geral. Gosto de culinária. Gosto de decoração. Gosto de passear, e muito de passear de carro. Gosto de caminhar especialmente à beira de água. Gosto de ouvir música quando ando de carro. Gosto muito de me rir. Gosto de pessoas que me fazem rir. Gosto de pessoas que são boa onda. Gosto de pessoas que gostam de ler. E se uma pessoa sabe que o plural de qualquer é quaisquer já fico bem impressionada.

Ah, e adoro a minha prole. Sou caranguejo, ascendente caranguejo; por isso, já estão a ver, maternal, maternal, maternal (mãe-galinha, dizem eles)


Regra Nº 3

Atribuir o prémio 'Best Blog' a outros autores

E, então, o prémio vai para:


<> Como incentivo à minha querida M, claro, que está a começar o seu blogue e que tanto gosta de escrever Histórias de nós

<> A multifacetada Leitora, ora florescente, ora fantasma, ora na areia, ora de volta que tão criteriosamente nos divulga os seus requintados gostos n' A Matéria dos Livros


<> A sensível Leonor, uma menina que escreve como se bordasse no meio de tempestades e que foi buscar ao paraíso o seu Sumo de (lua e de) laranja



ºººººººººººººº

E é isto.


11 comentários:

margarida disse...

Que lindo...
É uma uma Mulher renascentista, algo de extraordinário (a matemática é o meu calcanhar de Aquiles...).
Adoro os seres renascentistas, humanistas e pluridimensionais, assim!
Também gosto de tudo o que geralmente indica (a arte liberta tanto!...) e concordo que esses mafarricos que menciona nos deixam com brotoeja (ah, parece que são farófias, o que o primeiro sabe fazer de sobremesa).
Depois, existe um mundo de coisas para as quais comecei a olhar de outra forma depois de a ler. Isso é fantástico!
Sibila, claro, que outro nome lhe poderia atribuir, se o é? :)
Beijinho de obrigada por seguir isto (também não me aprazem por aí fora as 'correntes'...).
Sabe? Lembra-me aquela bela música do Caetano:
"Você é linda e sabe viver, você é linda, sim; esta canção é só para dizer, e diz..."
:)

Ivone Mendes da Silva disse...

Gostei muito da sua frase: "Gosto de pessoas."

Sabe, a Margarida tem um talento extraordinário para atribuir epítetos. É uma espécie de sétimo sentido que atravessa a blogosfera e acerta na mouche. Quando me "conheceu" chamou-se Valquíria. Tive de dizer a algumas pessoas que não era alta e loura que nem uma deusa nórdica, mas sim baixinha e morena. Mas, lá está, sou, realmente, muito wagneriana. :)

A Matéria dos Livros disse...

Ai! Agora é que me deixou mesmo sem palavras! Fiquei muito surpreendida e sensiblizada com a sua lembrança."requintados gostos", eu, que sou uma gata borralheira?!
Não vou quebrar a corrente, mas vou levar algum tempo; antes tenho de escrever um texto sobre Eco e Narciso e etc. Também não sei como resolver o desafio da "toilette" para sete fotografias - "compartilhar sete factos pessoasis" (Tantos!)...

Um abraço e até breve!

(Fez-me uma pequena maldadezinha, ainda que boa!)

Um Jeito Manso disse...

Margarida,

Já lhe disse que, do conhecimento recente que tenho de si, acho que tem uma invulgar perspicácia taxinómica, se é que assim me posso expressar.

Você lê, capta o espírito de quem escreve e, num instante, desencanta a classificação adequada.

A Ivone, grande Valquíria, refere isso no comentário e, de facto, é um extraordinário que tem.

Eu abro os links que se acomodam nas suas janelinhas laterais e, de facto, o epíteto está sempre invulgarmente adequado ao conteúdo.

E, claro, Margarida, tenho que agradecer as palavras que me dirige. Sensibilizam-me imenso tanto mais que a sinto genuína nas suas palavras, tantas vezes a revelarem uma enorme sensibilidade.

Muito obrigada e mantenha-se assim.

Um Jeito Manso disse...

Ivone,

Gostei da sua visita e das suas palavras.

Gosto mesmo muito de pessoas, gosto de as perceber, de as descobrir e de ajudar a realçar o que têm de melhor. E gosto muito de fotografar pessoas.

Quanto à Margarida concordo plenamente consigo, acabei de o escrever a confirmar: é um dom especial o que ela tem.

Através das palavras capta a essência de quem as escreve e descobre a palavra adequada para o classificar.

Volte sempre, Ivone.

Um Jeito Manso disse...

Princesa Leitora (qual gata borrarlheira...?),

Fico contente que tenha gostado da maldadezinha. Ao príncipio a gente sente uma inquietaçãozinha ('como é que me vou sair desta...?') mas depois sabe bem, não é?

Já vi o que escreveu e convido os meus leitores a fazerem-no também.

Está óptimo, inteligente, divertido e gostei do toque pessoal, o pezinho da gata borralheira quase a virar princesa no meio dos livros.

Um abraço, Leitora.

margarida disse...

Wow!
merci...
:)
adorei o 'invulgar perspicácia taxinómica'!!
:)
(sabe..., mesmo que quisesse - e às vezes queria - não consigo mudar...)
;)

Leonor disse...

Oh, se calhar o meu comentáro de ontem perdeu-se :(

Um Jeito Manso disse...

Sim, Leonor, deve ter-se perdido... Não apareceu. Quer escrever de novo?

Leonor disse...

No essencial, dizia que me sentia surpreendida e, principalmente, muito satisfeita com este mimo.
Vou cuidar dele o melhor que souber, logo, logo que possível - tenho andado mesmo com pouco tempo. Entretanto, receba um beijinho grato.

Um Jeito Manso disse...

Ah, ainda bem... temi que, qual Herberto Helder, se recusasse a receber o prémio.

Take your time, Leonor.

E vai ficar uma maravilha, de certeza!